O
segundo workshop aconteceu três semanas depois, em um estádio um pouco menor,
com cerca de 25 mil lugares, também vendidos antecipadamente, uma grande
quantidade arrematada por cambistas.
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Às
vezes é preciso cair fora. Desviar o foco.
Claro
que você não precisa ir pro Himalaia, Índia ou Iraque.
Mas
faça alguma coisa diferente. Envernize um guarda-roupa velho, faça algo
inesperado, volte a ver desenhos animados antigos da sua infância, escreva
poesia de péssima qualidade e jogue fora. Tente trepar um pouco mais.
Ou
seja, faça qualquer coisa que afaste um pouco sua obsessão por encontrar a
brecha.
Já
contei a vocês que vi uma porção de gente surtando sem volta por se dedicar em
tempo integral à busca da porta que leva para o outro lado.
Muitas
dessas pessoas vivem até hoje à base de tranquilizantes pesados e estão
totalmente fora do jogo, sem condições de voltar a campo.
Então,
não exagere. Vá, mas vá com calma. Tire períodos sabáticos. Faça,
temporariamente, qualquer coisa que diminua o que você considera sua “missão”
na vida.
Até
porque é sempre bom lembrar que, com frequência, você morre antes de ter
descoberto porra nenhuma.
Hoje
estou meio fantasiado de astronauta. Aliás, esse capacete tá pressionando muito
a minha cabeça e não sei se vocês vão entender direito o que eu estou dizendo,
por causa desse som metálico que deve estar saindo dos autofalantes.
De
qualquer forma, estou com este capacete ridículo na cabeça pra mostrar que
damos muito autoimportância ao que somos, ao que fazemos, e esquecemos que
existem no planeta Terra milhares de outras coisas para sermos e fazermos.
Ser
astronauta, por exemplo.
Me
respondam sem pensar: qual a diferença entre um astronauta e um faxineiro de
banheiro público masculino?
Ambos
têm níveis culturais completamente diferentes, ficaram sentados com suas bundas
nas cadeiras de colégios por períodos de tempo totalmente diferentes, ganham
salários infinitamente desproporcionais.
Mas
ambos têm que lidar com um problema comum a toda a humanidade. Se livrar da
merda que cada um deles acumula nos intestinos dia após dia e dar destino não
só a própria merda, mas a toda a merda do resto mundo.
Até
agora, lidamos razoavelmente com esse problema, mas até quando? No momento,
somos cerca de sete bilhões de cus despejando merda no planeta. Mas continuamos
nos reproduzindo rapidamente, assim como aumentamos a merda que produzimos e
produziremos.
Quanto
tempo o astronauta e o faxineiro de banheiro masculino vão demorar para sentar
lado a lado num balcão de bar e tentar uma solução urgente e desesperada para
isso?
Apesar
da situação aparentemente absurda aqui exposta, acredito que esse encontro no
balcão de bar acontecerá bem mais rápido do que imaginamos.
Quer
dizer, se o referido bar já não estiver inundado de merda de forma a impedir
qualquer tipo de diálogo entre o astronauta e o faxineiro.
Um
vê a Terra azul lá de cima, outro vê a merda entupida numa privada cujo cretino
não tinha noção de quanto papel higiênico é necessário para limpar o rabo
dignamente.
Quanto
tempo demorará para que cada um dos dois vejam uma bola cheia de merda girando
no espaço da escotilha da sua nave e no fundo de uma privada?
Então,quando
saírem daqui, deem uma boa cagada, fixem bem os olhos na merda que acabaram de
fazer e tentem imaginar um lindo planeta todo azul girando lá fora da escotilha
na sua nave.
Obrigado
e até breve.
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Como
não estava enxergando muito bem através do visor do capacete, dei uma porrada
com a cabeça no batente da porta de entrada do vestiário. Por sorte, um
faxineiro que limpava o chão me conduziu até a milagrosa SAÍDA vermelha para a
rua dos fundos do estádio, onde tirei o capacete e dei uma longa e deliciosa
mijada.